Durante participação na oficina Expedição Fotográfica: Aarão Reis, uma arqueologia e produção de um
zine*, do setor educativo do BDMG Cultural, fiz uma série de registros
pensando na interseção entre cidade e escrita por meio de abordagens como o grafite e a pichação.
A rua Aarão Reis é palco de intensas atividades artísticas,
a exemplo de apresentações teatrais, festas carnavalescas e duelo de MCs. É também espaço pulsante de Belo Horizonte, sendo uma grande representante do
baixo centro.
Demandas populares que perpassam o dia a dia da cidade se
apresentam inscritas em muros, bancos e janelas, assim como registros mais
pessoais, que interferem na estética local e na memória da cidade, entendida aqui como construção histórica na qual permeiam discursos que disputam o espaço público.
Pichar no centro da cidade é uma dupla maneira de se destacar junto a seus pares, tanto por causa do desafio de atuar em uma área mais vigiada quanto por conseguir imprimir um registro em um lugar com grande circulação de pessoas.
É, também, uma forma de expressão da subjetividade que apresenta conotação política evidente em algumas mensagens. Em outras, tal conotação vê-se refletida no simples ato de pichar e, assim, desafiar o poder público e as normas vigentes.
Essa reflexão faz parte de minha investigação sobre a apropriação e ressignificação que grupos sociais fazem dos espaços públicos a partir de conceitos ligados ao direito à cidade e às Artes Visuais.